terça-feira, 1 de março de 2011

EDITORIAL DO CORREIO BRAZILIENSE TRATA DA DEFESA DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES

O Jornal Correio Braziliense publicou, no último dia 27, editorial intitulado “Crianças e jovens pedem socorro”. O editorial faz referência às políticas e ações em defesa de crianças e adolescentes. A base de dados são os números do Disque Denúncia Nacional 100, da Secretaria de Direitos Humanos (SDH). A iniciativa da publicação do Editorial é um exemplo de jornalismo sério que tem como principal função servir a sociedade. O texto publicado denuncia a falta de políticas e ações em defesa das crianças e dos adolescentes. Veja abaixo o texto na íntegra.Crianças e jovens pedem socorroPaís ainda jovem, que caminha rapidamente para tornar-se adulto em sua estrutura etária, o Brasil não evolui na mesma velocidade quando se trata de políticas e ações em defesa de crianças e seus adolescentes. Dados do Disque Denúncia Nacional 100, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, indicam que a quantidade de telefonemas reportando casos de violência contra menores cresceu durante 2010 e atingiu 3.440 em janeiro de 2011. O Distrito Federal aparece em segundo lugar em número de denúncias (três) por 100 mil habitantes, seguido do Acre e de Mato Grosso do Sul, fato que derruba a tese de concentração do problema em cidades litorâneas e de maior potencial turístico. Em primeiro lugar, está Natal (3,09 denúncias). O ranking inclui episódios de violência física ou psicológica, pornografia, negligência, abuso ou exploração sexual. O aumento na quantidade de telefonemas ao Disque 100 é creditado, em parte, à maior divulgação do serviço, o que apenas reforça a suspeita de que muitas das agressões permanecem ocultas e impunes. Nesta sexta-feira, às vésperas do Carnaval, a Secretaria de Direitos Humanos lançou a Campanha Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual. A abertura da campanha em um aeroporto (Santos Dumont, no Rio de Janeiro) transmite a ideia de que os abusos estão vinculados, em grande parte, ao turismo sexual, especialmente à vinda de europeus e norte-americanos ao país, com o objetivo de pagar barato por sexo com menores. Reportagem da rede de TV britânica BBC constatou, no ano passado, que meninas e meninos do Recife cobram menos de R$ 10 por programa, e que o Brasil está ocupando o lugar da Tailândia como principal destino de homens em busca de aventuras sexuais - uma bomba-relógio para um país que sediará, em breve, a Copa do Mundo e a Olimpíada. No entanto, uma análise mais detalhada das estatísticas revela que os crimes não têm como cenário apenas cidades praianas, e os agressores não passam necessariamente por aeroportos internacionais. No DF, por exemplo, os tipos de abusos mais comuns em 2010 foram violência física ou psicológica (526 registros) e negligência (483). O desafio é complexo e requer atuação ampla do governo e da sociedade, em várias frentes, não apenas campanhas temporárias, limitadas a períodos de maior fluxo de turistas. Quando era deputada, Maria do Rosário, ministra dos Direitos Humanos, observou durante a CPMI da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes que os casos estavam se propagando no Pantanal e na Amazônia. Lá, e em outras regiões, há pais que oferecem seus filhos por qualquer trocado. A iniciativa da secretaria, apoiada pelo governador do DF, Agnelo Queiroz, é louvável e absolutamente necessária, mas deve ser seguida de ações profundas nas áreas de educação, capacitação, e de acompanhamento mais estrito das oportunidades de trabalho disponíveis. Quando valores como dignidade humana parecem ter saído de moda, a resposta das autoridades e dos cidadãos exige empenho e constância.
Enviado por Analu Fernandes
INESC

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