segunda-feira, 21 de março de 2011

O MENINO MIÚDO DENTRO DO BRINQUEDO GIGANTE - UM CIDADÃO NO MUNDO SONHADO

Quero partilhar a inspiração e agradecer que em nome do CDCA-DF estive na abertura do do IIIº Pró-Convivência Familiar e Comunitária, (Dias, 21,22 e 23 de março/11) concebido como um painel e boas práticas no campo de promoção do direito à convivência familiar que faz parte dos Projetos "Cuidando de quem Cuida” e "Reconstruindo Vínculos” e Roteiros da Cidadania, executados pelo Berço da Cidadania.

Publicado pela ADITAL (www.adital.com.br) neste dia 21 de Março:

Ele não se lembrava de mais nada do que foi cruel no seu pequeno mundo: da dor, da fome, do abandono e nem tinha saudade dos velhos tempos, aquela época antes de completar 05 aninhos. Estava ali dentro do brinquedo como que de volta ao ventre da grande Mãe Terra, planeta que respira e bate com pressão alta o coração de todos. Já não se lembrava de nada, só a sensitiva memória corporal que não passava pela razão. Estava amparado pelos braços de ferro que o protegiam e o suspendiam do chão. Ao pular do brinquedo esperavam braços de carne e osso de mulher cuidadora, dificilmente encontrável entre os trópicos das famílias abandonadas e da meridiana classe autocentrada em sua busca de sucesso.
Aquela criança divertia-se em seu brinquedo gigante! Com direito de brincar, de fazer de conta e de sonhar! Nós passamos por ele. E ele, sem querer saber, continuava com os olhos brilhando, a balançar as pernas e a mexer os olhos ao redor de si. E dentro de nós contorcia-se a consciência entre a indignação teimosa do protesto e o desejo de fugir.
Aquele brinquedo gigante para um menino miúdo era, por instantes sucessivos antecipatórios, símbolo de outro mundo possível, seu lugar, sua aldeia e seu bem querer, seu refúgio e sua proteção. Mundo-Aldeia não mais como território, mas como ideia de proteção integral e cuidado universal.
Mundo querido por todos, das crianças vivas dentro de nós que acreditam na fantasia e na utopia da fraternidade benfazeja e mensageira da Paz. O menino frágil precisava sentir-se seguro, único, ele mesmo, para sentir-se em casa, em sua atmosfera, onde do MEU brinquedo gigante intuísse EU SUJEITO DE DIREITOS, poderoso e prioritário nas Políticas Públicas.
Programas de Acolhimento, "brinquedos” de gente grande, povoado de crianças e adolescentes, um mundo sempre sonhado no meio do estertor das drogas, da falta de moradia, de creches e desolação. Experimento de superação, espaço de acolhida e pertencimento. Mulheres que inventam a maternidade "brincando de casinha”, quase sempre na solidão, desenvolvendo competências para amar sem limites, aceitar sem condições seus "desterrados filhos”, acolher sem restrições os destronados do colo de suas mães biológicas pelo padrasto chamado Estado.
Gestão da casa e gestão do parque de diversão. Cuidado com todos, relações de vizinhança, aproximação. Assim saber que daquele "faz de conta”, se fez o crédito que mudou a vida de um menino, uma menina, e projetou-se o destino de uma infância feliz, onde se empenharam colaboradores fiéis.
Cercadinho de plástico e ferro, famílias de carne e osso, um continente de emoções, de planos e metas, uma nação de competências variadas. Um cidadão de direitos, ensaio de um Maravilhoso Mundo Novo e Fraternal. Assim devem ser o território nos espaços de exceção, longe de casa e dentro de casa, antes de TUDO.
Entidades da Sociedade Civil que também fazem serviços de acolhimento no Distrito Federal, estão jubilosos com parcerias que estabelecem com a SEDEST (Secretaria de Desenvolvimento Social e Tr
ansferência de Renda). Momento histórico presente é de reconstrução da credibilidade do Governo do Distrito Federal, que na pessoa da Secretaria Arlete Sampaio há escuta dos clamores das crianças que se afastaram da convivência familiar e comunitária, e que bem entende os motivos históricos dessa violência. Clamores que para nós são gritos quase desesperados e cheios de indignação ética. Não bastam ter boa assessoria, cursos e mais cursos, e sim recursos financeiros suficientes para alcançar maior qualificação e técnicos suficientes.
Acontece uma boa notícia para reeditar a parábola do "menino e o seu brinquedo gigante”: o III º Seminário Pró-Convivência Familiar e Comunitária, (Dias, 21,22 e 23 de março/11) concebido como um painel e boas práticas no campo de promoção do direito à convivência familiar que faz parte dos Projetos "Cuidando de quem Cuida” e "Reconstruindo Vínculos”, ambos executados pelo Berço da Cidadania.
Entretanto, não esquecemos que o objetivo de promover o direito à convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes, passa prioritariamente pela celebração de Convênios, com repasses substanciosos e dentro do cronograma acordado. Só assim se atenderá o "interesse superior das crianças, adolescentes e jovens”. Possível sim, mas através do diálogo de cobranças intersetoriais das Políticas Públicas.

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