A epidemia de crack faz vítimas cada vez mais precoces.
Crescidas em ambientes social e familiar degradados, garotas que ainda nem entraram na puberdade se entregam ao vício e se expõem aos devastadores efeitos da droga, que deixam sequelas permanentes
Se Isabela (*) pudesse mudar de vida com uma varinha de condão, viraria uma Barbie de cabelos louros, roupa cor-de-rosa, sapatos de salto. O Ken a levaria ao cinema. Seria a primeira vez. Talvez o passeio a fizesse esquecer os pesadelos com o irmão. Ele aparece toda a noite. Tem um machucado no pescoço. Da janela do ônibus, o menino chora. Às vezes, grita. Quer dizer alguma coisa. Mas ela não entende. Anda confusa. As fantasias de criança se confundem com as alucinações causadas pela abstinência do crack. A pedra que arruína a vida de mulheres atravessou o caminho dessa criança que mal entrou na adolescência.
A infância fechou as portas para Isabela quando a menina tinha 10 anos. Parou de cuidar da sua boneca, nunca mais fez comidinha no quintal. Pique-pega e amarelinha não lhe interessavam mais. Na companhia da irmã, de 17 anos, e de alguns amigos, a garota aprendeu a fazer fogueira para disfarçar o cheiro da maconha e a cavar esconderijos para esconder as pedras de crack. Ela descobriu que se pode dobrar de rir sem nenhuma piada. “Eu sempre faço xixi na calça de tanto que é engraçado”, conta, sobre quando está drogada. Mas o riso frouxo, as alucinações e a euforia induzidas têm um preço pago com as doenças do corpo e da cabeça.
Por Lilian Tahan e Almiro Marcos
Publicação: 06/03/2012 06:30 Atualização: 06/03/2012 06:30
A matéria completa você lê na edição impressa do Correio Braziliense desta terça-feira (6/3).
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