domingo, 24 de julho de 2011

A maioria dos brasileiros admite a discriminação por cor e raça

 

Ana D'Angelo - Correio Braziliense

Cristiane Bonfanti

Cecília Pinto Coelho - Dired

Publicação: 23/07/2011 08:00 Atualização: 23/07/2011 00:01

A cor da pele ou a raça é determinante no cotidiano das pessoas, principalmente quando o assunto é trabalho. Essa é a percepção dos brasileiros apontada por pesquisada divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ambiente do trabalho, o reconhecimento que existe discriminação é bem maior. Foi o que admitiram 71% dos entrevistados, total maior do que aqueles que consideram que a cor da pele faz diferença no convívio social (65%) e na relação com a polícia e o sistema judiciário (68,3%). O Distrito Federal foi destaque na pesquisa, ao apresentar os maiores percentuais entre as pessoas que reconheceram a existência de racismo em todas as esferas abordadas, exceto relações matrimoniais.

"Já aprendi a levar esse tipo de ocorrência, desde que não seja muito grave. Se formos combater todas as ocasiões, não vamos fazer mais nada da vida", Esmeralda Reis, artesã

O DF apresentou o segundo menor percentual de pessoas que se declaram brancas (29%), frente à média geral de 49% e atrás do Amazonas, com apenas 16,2%. No DF, 41,1% consideram-se negros, pardos ou pretos, conforme a classificação apresentada pelo IBGE na entrevista — percentual maior do que a média geral do levantamento, de 22,7% e dos 24,7% verificados em São Paulo. Segundo o IBGE, 9,14% das pessoas das seis unidades pesquisadas disseram ser negras ou pretas — no DF, foram 11,6%. As demais disseram ser morenas (21,7%, no total geral, e 21,1%, no DF).
A técnica do IBGE Bárbara Cobo Soares afirmou que não é possível dizer que a maioria da população do DF tem preconceito racial, pois a pesquisa não abordou diretamente a questão. O antropólogo e professor da Universidade Brasília (UnB) José Jorge de Carvalho discorda: “Se a maioria dos entrevistados do DF percebe que a cor da pele faz diferença no dia a dia, é sinal de que a discriminação racial é na mesma proporção”.
A artesã Esmeralda Reis conhece bem o que é o preconceito racial. Apesar da pouca idade, sua neta de 9 anos, também negra, já sofreu discriminação na escola onde estuda. “Ela fez uma trança linda, toda colorida, no cabeleireiro. No primeiro dia em que apareceu com ela, um menino de sua turma disse a ela que não tinha cabelos suficientes para usar esse penteado e arrancou sua trança”, lamenta. “Já aprendi a levar esse tipo de ocorrência, desde que não seja muito grave. Se formos combater todas as ocasiões, não vamos fazer mais nada da vida”, afirma.
De acordo com o levantamento, as mulheres foram as que mais reconheceram a existência da discriminação racial: 66,8% delas frente a 60,2% dos homens. Ao se verificar as faixas de idade, constata-se que a cor da pele conta mais entre as pessoas de 15 a 39 anos, na média geral. No Distrito Federal, o destaque é do grupo de pessoas entre 40 e 59 anos, com 79,5% admitindo a influência da cor da pele no cotidiano.

Fonte: Site do Correio Braziliense em 24/07/2011

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