Aposta nos jovens aos quais dispomos nosso parco saber. Aqui vai uma inusitada “síntese” a partir do protagonismo que trazem dois nomes de jovens amazônidas que participaram do Seminário nos quais todos nós, vindos de outros Estados nos encontramos de corpo e alma, história e parceira intergeracional:
1. Alguns nomes de jovens presentes carregam histórias ancestrais, dança e música, jogos e cores que engendram a nova vida e a esperança. A jovem MAIRÃ na mesa final produz um barquinho de papel e fala da “inocência do olhar”. Barquinho frágil nas águas traiçoeiras dos rios da Amazônia, ao sol, brilhando e navegando nas águas choradas, que cintilam ostensivamente a luz contra a alienação da consciência e move um turbilhão de ações juvenis. “Inocência do olhar” como projeção do futuro que se sonha, tanto em Bujarú, no Pará e nesse Seminário, em Brasília. E Mairã nem falou do Movimento dos Sem Terrinha que resiste e já se junta para lá de 1.300 ativistas às margens dos rios e dos caminhos do seu município de origem e atuação. Olhar jovem que ainda crê encontrar nos adultos a parceria fiel na luta pelos DH de CA que visam lado a lado modificar a perversa criminalização que pesa sobre eles quando pobres. E o nome da jovem “MAIRÃ’, traz na raiz indígena a concretização do nome que já é ação. “À SOMBRA DO SOL” postada para um mundo com justiça que chega a todos na universalidade e na indivisibilidade dos Direitos Humanos. Barquinho que vai sempre a novos portos e ganhos, embora infinitamente navegando na correnteza que a utopia cria.
2. CLEOCY... nome também de raiz nativa que traz a densidade das águas do Rio Uatumã, no Amazonas. Rio ultrajado para além de sua corredeira depois da cidade de São Sebastião. Hidroelétrica de Balbina no Amazonas, cemitério que submergiu nações indígenas e de povos como os Atroari/Waimiri, mas que não apagou a memória revolucionária renascida em ribeirinhos e caboclos. CLEOCY, névoa de descanso, nuvem passageira, necessária para recriar o mundo, as relações e reinventar e incubar protagonismos juvenis.
3. Tantos outros nomes trazem a marca da dor e da alegria, do sorriso e do pesar solidário que vai aparecer no Plano Decenal de Defesa dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes, como nunca com a palavra e a marca de crianças e adolescentes. Nomes compostos, duplos, nacionalizados, com berço germânico, latino e grego, que expressam firmeza, vitória, verdade, natureza, fenômenos, perdas, incertezas e dores, mas enfim onde “anjos e demônios” gravitam afirmando que nossa condição humana, mesmo que precária é marcada pela consciência de SER NO MUNDO UM AGENTE HISTÓRICO DE TRANSFORMAÇÃO.
4. E os jovens protestaram pelo estágio ainda incipiente da criatividade fechada e controlada pelos adultos em tê-los como participantes. Foram unânimes para protestar que não querem estar como estampas em fotos na composição das mesas dos adultos, nem tampouco enfeite lúdico para simplesmente cantar e encenar coreografias como beneficiários amansados na disciplina estéril e burocrática. QUEREM SER OPERÁRIOS EM CONSTRUÇÃO, FAZEDORES DE NOVOS ROTEIROS, COMUNICADORES DIRETOS DE SUA FALA como a forma cinematográfica de Educomunicação para mostrar suas PROPOSTAS/EFETIVAÇÃO, trilhando caminhos incubados de experiências ensaiadas. Querem estar aí no amanhecer do próximo decênio assumindo a própria voz e revolucionando a história da participação cidadã.
5. O poema “OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO” de Vinícius de Moraes, obra límpida da juventude brasileira que deseja e expressa com arte e ação no entardecer do Ocidente, como ocaso dos sonhos, a ressurreição da Utopia:
“E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um pobre e esquecido
Razão que fizera
Em operário construído
O operário em construção.”
E completaríamos:
“E dentro dessa experiência seminal, agigantou-se a ação de uma criança que se fez adolescente, tornou-se jovem presente, sensível e ousado para traçar os destinos do Plano Decenal”.
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